Recentemente, a sigla ESG vem ganhando força dentro das empresas, assim como nas organizações da sociedade civil. O termo faz referência a uma série de práticas relacionadas ao meio ambiente, sociedade e governança que podem ajudar a turbinar tanto empresas privadas quanto OSCs.
Mas afinal, o que é ESG?
A sigla vem do inglês Environment, Social and Governance, que significa Ambiente, Social e Governança, traduzindo para o português. Por causa dessa tradução, muitas vezes o ESG é conhecido como ASG no Brasil. E como o próprio nome já diz, o ESG incentiva que as organizações priorizem uma série de critérios no dia a dia, além do lucro. São eles:
E: Preservação do meio ambiente, sustentabilidade e redução do aquecimento global;
S: Boas relações com trabalhadores e demais públicos, responsabilidade social, equidade e diversidade;
G: Princípios de governança, como transparência, auditoria e políticas anticorrupção.
Segundo o professor Gustavo Loiola, mestre em Sustentabilidade e Governança Corporativa pelo Instituto Superior de Administração e Economia (ISAE), “o ESG surgiu a partir da necessidade das organizações de repensar as questões que impactam seu negócio”. No início dos anos 2000, os consumidores passaram a se tornar mais conscientes das consequências que seus padrões de consumo geram na sociedade e no meio ambiente.
Por conta disso, houve uma maior cobrança por ações sociais e ambientais. Foi no mesmo ano que o então secretário-geral da Organização das Nações Unidas (ONU) propôs que as organizações refletissem sobre ações ao meio ambiente, governança e sociedade. A partir disso, o ESG veio se popularizando, até chegar ao patamar em que se encontra atualmente.
ESG na prática
Entendeu o que é ESG, mas ainda não ficou claro para você como seria utilizado na prática? Loiola dá alguns exemplos, como “redução de custos com energia, publicação de relatórios de prestação de contas, transparência e a equidade no tratamento de funcionários e fornecedores”. Algumas outras medidas são o investimento e implementação de redução de poluição, como a pegada de carbono.
A redução do uso de recursos naturais e utilização de fontes de energia renováveis também são exemplos de medidas relacionadas ao meio ambiente. Na questão social estão presentes a diversificação de pessoal (inclusão de LGBTQIAP+, deficientes, pessoas pretas), incentivo à saúde e segurança do trabalhador e apoio a causas e instituições beneficentes. Por fim, no quesito governança, possuir auditoria e conselho fiscal e estimular e implementar medidas anticorrupção são uma opção.
E quais são os benefícios de adotar o ESG?
Segundo o Relatório GRIS, houve um aumento de 55% dos investimentos sustentáveis entre 2016 e 2020. Além disso, a Bloomberg estima que o investimento em ESG deve chegar a US$53 trilhões em 2025. Isso demonstra a preocupação com a implementação do ESG e sua importância.
A ação do ESG em empresas e organizações colabora para melhorar uma série de fatores. Empresas que seguem a agenda ESG têm melhor posicionamento no mercado, melhorando sua vantagem competitiva sobre concorrentes que não aderiram ao ESG, por exemplo. Com um posicionamento melhor, o negócio tem mais clientes e, consequentemente, maior lucratividade. Adotar o ESG demonstra compromisso com valores atuais e alinhados com os interesses da ONU, melhorando também a reputação da organização.
Além disso, como a própria sigla diz, auxilia na contribuição para com o meio ambiente e na redução do aquecimento global. O ESG também inclui medidas de governança, por isso ajuda as organizações a adotar boas práticas que impactam o ambiente dentro e fora do espaço de trabalho. Por fim, ajudar o meio ambiente, garantir a diversidade, equidade e transparência beneficiam não apenas a organização, mas toda a sociedade. Dessa forma, todos crescem em conjunto.
Como começar
Agora, você deve estar pensando: “Sei os benefícios do ESG e sua importância. Mas como implementar isso à minha organização?”. O primeiro passo, de acordo com Loiola, é bastante simples e você já fez: entender o que é o ESG. A próxima etapa, para o professor, é fazer uma avaliação da organização e saber quais aspectos podem ser implementados. Alguns itens para começar são: promover a inclusão dentro da OSC, principalmente em novas contratações, adicionar itens de sustentabilidade em projetos e realizar uma comunicação transparente nas redes sociais e campanhas.
Uma outra sugestão seria definir quais Objetivos do Desenvolvimento Sustentável (ODS) se aplicam à sua organização e montar estratégias a partir deles. Lembrando que os ODS são critérios elaborados pela ONU que buscam soluções para desafios da sociedade atual, por isso são um ótimo ponto de partida. Por exemplo: caso sua OSC trabalhe com o combate à fome, você pode adotar o ODS 2 e definir seus objetivos e estratégias a partir da descrição do ODS e então implementá-los. Após a implementação, os resultados devem ser medidos e ajustados, se houver necessidade. Pode parecer difícil, mas não é impossível!
Terceiro setor e empresas: uma combinação que dá match
Loiola também fala da relação entre as ações de ESG e os ODS. Enquanto estes últimos visam principalmente o impacto social, o ESG pensa principalmente no impacto organizacional. Isso não significa que ambos não devem estar alinhados. Pelo contrário, com organizações e sociedade trabalhando juntos, é ainda mais possível garantir o bem-estar para todos.
A responsabilidade social é um dos critérios do ESG e palavra-chave quando se fala no relacionamento entre empresas e terceiro setor. Isso porque ao aderir ao ESG, as empresas podem apoiar as OSCs, que por sua vez têm contato direto com a sociedade. Além de impactar a vida das pessoas, empresas socialmente responsáveis têm ainda mais credibilidade junto ao mercado, ampliando sua reputação e participando de cursos promovidos pela OSCs.
É aqui que a Passos entra, como o S do ESG. Para as organizações da sociedade civil, como nós, a colaboração com empresas ajuda a ampliar o conhecimento sobre a área de atuação através de cursos e consultorias, firmar acordos de aprendizagem, realizar parcerias para doação de materiais e alimentos, aumenta nossa rede de contatos e, consequentemente, melhora nossa reputação em outros setores da sociedade. Por isso, convidamos organizações de todos os setores para vir transformar com a gente!
Fontes
Portal do Impacto
Gestão Terceiro Setor
Zenklub
Machado Meyer
Ramacrisna
Instituto Livres
Poder 360
Folha UOL
ONU Brasil