O Maio Laranja ocorre no dia 18 de maio e tem como objetivo o combate ao abuso e à exploração sexual infantil no Brasil. A data, oficializada em 2000, foi escolhida em homenagem à Araceli, de 8 anos, que foi violentada e brutal assassinada em 1973, no Espírito Santo.
Quase 50 anos após o crime, no entanto, a violência contra crianças e adolescentes não diminuiu no país. De acordo com o Anuário Brasileiro de Segurança Pública de 2022, do Fórum Brasileiro de Segurança Pública, houve um aumento de 43.427 para 45.994 casos registrados de estupro de vulnerável entre 2020 e 2021. Destes, 61,3% das vítimas eram meninas menores de 13 anos.
O autor do abuso está mais perto do que se imagina
O anuário ainda aponta que o perfil dos agressores é quase unânime: 95,4% são homens e 82,5% são conhecidos. Os dados se tornam ainda mais preocupantes quando se leva em consideração que 40,8% dos abusadores eram pais ou padrastos; 37,2% eram irmãos, primos ou outro parente e 8,7% eram avós da vítima.
Justamente por conta da proximidade do agressor com a família, muitas crianças e adolescentes têm medo ou vergonha de relatar o abuso aos familiares. A escola, então, desempenha um papel fundamental, visto que, segundo o Anuário de Segurança Pública, a maior parte das denúncias vêm do ambiente escolar das vítimas.
Aprenda a reconhecer os sinais
Crianças e adolescentes vítimas de violência sexual apresentam sinais e mudanças de comportamento após o crime. Em entrevista ao G1, a pediatra Stella Tavolieri de Oliveira ressalta: “Todas as pessoas envolvidas no dia a dia da criança e do adolescente precisam ficar atentas e entender que na mão delas pode estar a diferença entre a vida e a morte de uma criança”.
Sabendo disso, é preciso ficar alerta caso a criança ou adolescente apresente: machucados constantes, mudanças bruscas de comportamento, atraso no aprendizado, dificuldade para comer ou dormir, medo de algum parente ou conhecido. Outros sinais importantes são a presença de comportamento sexualizado, que não condiz com a idade da criança e regressão de comportamento, como voltar a fazer xixi na cama e ter crises de choro.
O que fazer após descobrir o crime
No primeiro momento, é necessário ouvir a criança e demonstrar que acredita na sua palavra, sem dúvidas ou julgamentos. Em seguida, deve-se realizar a denúncia nos canais indicados. São eles: o Conselho Tutelar, o Disque 100 e o Ministério Público.
A vítima também deve receber atendimento médico e psicológico, visto que crianças e adolescentes que sofreram abuso podem sofrer de condições como ansiedade, depressão, dissociação e transtorno de estresse pós-traumático.
A pediatra Stella Oliveira também aponta a importância da educação como forma de prevenção. Muitos agressores se aproveitam da ingenuidade das vítimas para que o crime não seja descoberto. Por isso, é necessário ensinar às crianças e adolescentes sobre seus corpos e quais ações podem e não podem ser realizadas. Assim, serão capazes de identificar abusos, entender que não são culpadas e relatar o crime.
#PassosIndica
Para acompanhar a campanha do Maio Laranja e saber mais detalhes sobre o assunto, siga a página oficial no Instagram.
Também recomendamos o documentário Um Crime Entre Nós, que retrata a exploração sexual de crianças e adolescentes no Brasil. A obra conta com depoimentos de especialistas e ativistas, como o doutor Drauzio Varella e a youtuber Jout Jout.