Antes de abordar o tema, primeiramente é necessário saber o que o termo significa. Segundo a Politize!, a representatividade consiste na expressão dos interesses de um grupo através da figura de um representante. A identificação e subjetividade são palavras-chave para entender esse conceito.
É o exemplo de Tim Cook, atual CEO da marca Apple, abertamente assumido como um homem gay. Ao consolidar tal posição, Cook mostra a outros integrantes da comunidade LGBTQIA+ que posições semelhantes podem ser alcançadas. Além disso, empresas cujos cargos são ocupados por minorias incentivam outras organizações a espelharem suas ações. A representatividade, então, trata-se de incentivar que minorias ocupem postos de grande visibilidade através de representantes, gerando uma identificação positiva do grupo para com o representante.
Representatividade LGBTQIA+ no Brasil
A representatividade está presente no país através da Constituição Federal. No artigo primeiro é possível encontrar: “todo poder emana do povo, que o exerce por meio de representantes eleitos ou diretamente, nos termos dessa constituição”. Além disso, o princípio da igualdade também é resguardado pela Constituição, embora não seja aplicado na prática.
Isso se reflete no baixo número de políticos, empresários e outros em posições de prestígio que se declaram abertamente parte da comunidade LGBTQIA+. A representação midiática também conta com um desfalque de representantes com a qual o público possa se identificar de fato, muitas vezes retratando estereótipos ultrapassados.
Conforme descrito por Naiarlisson Fernandes, a representatividade é essencial no combate à LGBTfobia e na garantia de espaço para pessoas da comunidade. Sem isso, integrantes da comunidade LGBTQIA+ estão submetidos a subempregos, violência e preconceito. Fatores que muitas vezes podem levar à morte.
Comunidade LGBTQIA+ na televisão
A representatividade da comunidade vem crescendo no meio televisivo, chegando a dobrar nos últimos 18 anos. Se Félix e Niko, protagonistas do primeiro beijo gay da televisão brasileira em 2014, em Amor à Vida, terminaram com um final feliz, o mesmo não ocorreu anos antes na novela Torre de Babel. As personagens lésbicas de Christiane Torloni e Silvia Pfeifer tiveram um final trágico por conta da rejeição do público, deixando clara a necessidade de conscientização e aceitação da comunidade.
Ainda hoje, em pleno 2022, é possível encontrar representações que não retratam a realidade dos membros da comunidade. Personagens ainda são assassinados, têm traços estereotipados ou são apresentados como desequilibrados. Além disso, muitos atores e atrizes têm medo de assumir sua sexualidade ou identidade por conta do preconceito, temendo perder trabalhos e patrocínios.
No entanto, conforme dito anteriormente, o cenário parece ser animador. Obras cinematográficas brasileiras e também estrangeiras vêm aumentando aos poucos as representações nas telas. Obras como a novela A Força do Querer (que mostrou a história do homem transexual Ivan e da travesti Elis), as séries americanas Pose e Heartstopper e a espanhola Elite vêm ampliando a representatividade cada vez mais, tanto no Brasil quanto em outros países.
A representatividade LGBTQIA+ nas organizações
No Brasil, aproximadamente 61% dos profissionais escondem sua orientação sexual no trabalho. Isso se deve, principalmente, ao medo de ser discriminado pelos chefes ou colegas de trabalho. Medo que parece ser justificado, já que o Brasil é o país que mais mata pessoas LGBTQIA+ em todo o mundo.
No entanto, nos últimos tempos empresas e marcas vêm se tornando mais responsáveis com relação ao conceito de representatividade. Isso se deve em parte, à pesquisas que mostram os benefícios de ter membros LGBTQIA+ no quadro de funcionários. Estudos mostram que empresas com pessoas LGBTQ+ em cargos de alto escalão têm uma performance 61% maior, além de apresentarem maior empatia, segundo a Gupy.
Para organizações que desejam ampliar a diversidade no quadro de funcionários é importante ter em mente algumas ações. São elas: oferecer treinamentos sobre políticas de inclusão, levar a discriminação a sério, promover engajamento entre os colaboradores e monitorar o avanço de políticas pró-LGBTQIA+.
Como aumentar a representatividade?
Além das sugestões do parágrafo anterior, algumas outras ações que podem ser adotadas, segundo a NeoAssist, são:
- Investir em práticas inclusivas de recrutamento;
- Garantir um ambiente saudável e sem discriminação;
- Criar programas de incentivo às lideranças LGBTQIA+.
Fora do âmbito organizacional, algumas ações a serem tomadas são:
- Eleger representantes que façam parte da comunidade;
- Monitorar e incentivar leis e políticas públicas pró-LGBTQIA+;
- Consumir conteúdos que retratam de forma fidedigna e contem com a participação de pessoas da comunidade.
Como a Passos apoia a comunidade?
A Passos da Criança conta com diálogos temáticos, que são conversas mensais com objetivo de levar conscientização e discutir sobre temas variados. Em abril do ano passado, foi realizado um diálogo sobre diversidade. Nesse mês de junho, mais um diálogo será realizado, visando auxiliar os colaboradores da equipe na compreensão e diálogo da comunidade LGBTQIA+. Além disso, os diálogos temáticos também servem para capacitar a equipe da Passos, garantindo sempre o incentivo ao respeito à diversidade e mitigando preconceitos.
A Passos da Criança também valoriza a diversidade entre os funcionários. Além de capacitações, são considerados indicadores sociais na escolha de novos colaboradores. Dessa forma, é possível trazer novas vivências para dentro da organização e assegurar oportunidades para populações minoritárias da sociedade. Além disso, é vetada toda forma de discriminação dentro da organização, de maneira que o ambiente seja respeitoso e harmônico.
Com relação aos educandos, são abordados valores como respeito, liberdade de expressão e aceitação. Dessa forma, a Passos da Criança pode incentivar a promoção e aceitação dos membros da comunidade LGBTQIA+ e auxiliar para melhorar a representatividade dentro e fora da organização.