O dia 25 de julho marca um dia de luta para as mulheres. É nesta data que se celebra o Dia Internacional da Mulher Negra Latino-Americana e Caribenha. A data foi criada em 1992, no 1º Encontro de Mulheres Afro-latino-americanas e Afro-caribenhas. O objetivo do evento foi discutir e combater o racismo, machismo e exploração, promovendo a visibilidade para as mulheres negras. Em solo tupiniquim, a data homenageia Tereza de Benguela. Venha conhecer mais sobre ela e outras mulheres inspiradoras!
Tereza de Benguela
Foi líder do Quilombo Quariterê, no século XVIII, ajudando comunidades negras e indígenas no combate à escravidão. A gestão de Tereza ficou conhecida por conter um parlamento para a discussão de leis e também um sistema de defesa estratégico. Por isso, durante sua liderança, Tereza de Benguela era chamada de “Rainha Tereza” pelos moradores. Na época, o quilombo abrigava mais de 100 pessoas. Tereza faleceu por volta de 1770, sem causa confirmada. No mesmo ano, o quilombo Quariterê foi destruído pelos homens de Luís Pinto de Sousa Coutinho. Na época, a comunidade abrigava 79 negros e 30 indígenas.
Dandara dos Palmares
Você com certeza já ouviu falar de Zumbi dos Palmares. Líder do maior quilombo da era colonial, Zumbi lutou para proteger seus companheiros da escravidão. Atualmente, o dia de sua morte, 20 de novembro, é celebrado no Brasil como Dia Nacional da Consciência Negra. Mas você sabe quem foi Dandara?
Esposa de Zumbi e representante feminina do quilombo, Dandara foi uma guerreira destemida, que dominava a arte da capoeira. Segundo a Sociedade Brasileira de Medicina da Família e Comunidade (SBMFC), além de lutar, Dandara cuidava dos 3 filhos e comandava o exército do quilombo.
Apaixonada pela liberdade, era contrária aos ideais machistas e preconceituosos impostos pela sociedade. Ao ser presa, Dandara supostamente teria se atirado de um penhasco, pois preferia morrer a ser escravizada novamente. Em 2019, Dandara foi nomeada uma “heroína da pátria”. No entanto, até hoje, muitos desconhecem sua história.
Rigoberta Menchú
Rigoberta Menchú nasceu na Guatemala, na cidade de Uspantán, em 1959. Sua família trabalhava no campo e era parte do grupo étnico indígena maia quiché. Rigoberta cresceu em meio a um golpe e durante uma guerra civil que durou de 1962 a 1996. Durante este período, os pais e irmãos de Rigoberta foram perseguidos e mortos, acusados pelo regime de fazer parte da resistência armada. Em 1979, Rigoberta juntou-se ao Comitê de União Campesina (CUC), seguindo os passos do pai. Por conta de seu ativismo, Rigoberta virou alvo do governo. Temendo por sua vida, ela se exilou no México, onde expôs a situação da Guatemala a outros países.
Nos anos 80, período em que ficou no México, Rigoberta promoveu mediações entre o governo e minorias indígenas. Também trabalhou com políticas de reconciliação, com objetivo de estabelecer a integridade físico-cultural de comunidades vulneráveis. Em 1992, conquistou o Prêmio Nobel da Paz “pela sua luta por justiça social e reconciliação étnico-cultural baseada no respeito pelos direitos dos povos indígenas”.
Rosa Parks
Rosa Louise McCauley (mais tarde Rosa Parks) nasceu em 1913 no Alabama, Estados Unidos. Filha de James McCauley e Leona Edwards, Rosa cresceu em uma sociedade segregacionista. Parks ficaria conhecida por se revoltar contra essa política segregacional. Antes do episódio que a tornaria famosa, Rosa conheceu o ativismo negro através do marido, Raymond Parks. Raymond era membro da National Association for the Advancement of Colored People (NAACP), organização que lutava pelos direitos da comunidade afro-americana nos Estados Unidos. Por isso, após seu casamento, Rosa passou a se engajar com as atividades da NAACP.
Esse foi o caminho que levou Rosa a lutar ativamente por seus direitos em 1955. Em um ônibus de Montgomery, Rosa Parks se recusou a oferecer seu assento para um homem branco. Na época, os ônibus tinham as fileiras da frente reservadas para brancos e as fileiras do fundo para negros. Além disso, caso o ônibus estivesse cheio, os negros eram obrigados a oferecer seus lugares para as pessoas brancas.
Rosa foi presa, mas teve sua fiança paga logo depois. Sua atitude gerou comoção na comunidade negra do Alabama, que boicotou empresas de ônibus e gerou debate para que a lei de segregação racial fosse abolida em 1956. Rosa permaneceu como ativista até os anos 80. Em 1999, recebeu uma Medalha de Ouro por sua luta contra o racismo. Rosa Parks faleceu em sua casa, em Detroit, no dia 24 de outubro de 2005.
Sanité Bélair
Sanité Bélair nasceu com o nome de Suzanne Bélair e foi uma das heroínas da Revolução Haitiana, que ocorreu entre 1791 e 1804. Nesse evento, negros que haviam sido escravizados lutaram para conquistar sua independência da França e acabaram com o regime escravista. Sanité foi um apelido dado a Suzanne por seus amigos.
Bélair foi sargenta e tenente das tropas de Toussaint Louverture, um dos maiores líderes dessa revolução. Junto com o marido, Charles Bélair, Sanité liderou diversas revoltas entre os povos escravizados da época. Em determinado momento, após um ataque surpresa, Sanité foi capturada pelo exército francês. Charles Bélair se rendeu para que pudesse ficar ao seu lado.
Sanité Bélair se recusou a ser decapitada, como eram mortas as mulheres da época, e exigiu ser fuzilada. Sanité foi morta no dia 5 de outubro de 1802. Atualmente, ela é a única mulher ilustrada nas cédulas da moeda haitiana na série comemorativa “Bicentenário do Haiti”, símbolo de sua importância e coragem que ficaram gravadas na história do Haiti.
Bônus: você sabia?
- A primeira engenheira do Brasil foi uma mulher negra. A curitibana Enedina Alves Marques se formou na Universidade Federal do Paraná (UFPR) em 1945. Enedina era a única mulher na turma, que contava com 32 homens.
- Neil Armstrong pisou na lua em 1969, mas antes disso veio John Glenn, que orbitou a Terra. Mas esse feito aconteceu apenas graças à Katherine Johnson. Foi Johnson que, em 1962, forneceu os dados matemáticos necessários para que John Glenn orbitasse a Terra pela primeira vez.
- C. J. Walker foi a primeira mulher negra norte-americana a enriquecer por conta própria. Walker conseguiu conquistar uma fortuna de aproximadamente 8 milhões, graças à criação de sua própria marca de cosméticos. C. J. Walker também contribuiu para a sociedade: empregou mais de 40 mil mulheres negras, apoiou instituições, doou bolsas de estudos e moradia para idosos.
Fontes:
Oxfam
Universidade Federal do Recôncavo da Bahia
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SBMFC
Portal Geledés
Unicamp
Brasil Escola
Sienge
Revista Galileu (1)
Revista Galileu (2)
Aventuras na História
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