Dia 05 de junho é comemorado o Dia Mundial do Meio Ambiente e no Brasil é também o Dia Nacional da Reciclagem.
A escolha da data para conscientização sobre a importância da reciclagem foi instituída em 2009 e escolhida propositalmente, para unir forças ao Dia Mundial do Meio Ambiente, comemorado desde 1972, quando teve a primeira Conferência das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente.
A ONG Passos da Criança está situada na comunidade que mais recicla em Curitiba, a Vila Torres. Por isso essa é uma data em que não poderíamos deixar de falar o quanto essa ação representa para a população curitibana.
Vila Torres, a maior recicladora de Curitiba
Na comunidade, às margens do Rio Belém e com seus 9 mil habitantes, mais de 30% dos moradores têm sua renda vinda da separação de lixo. Os catadores de papel são expressivos, seu trabalho corresponde a 70% da reciclagem na capital paranaense, o que faz da Vila Torres, junto com a Vila Parolin, as duas maiores recicladoras de Curitiba.
A Passos da Criança, está localizada na rua principal da Vila Torres, a Manoel Martins de Abreu, e desenvolvemos atividades com as crianças da comunidade para incentivar a importância das ações ambientais. Aproximadamente 65% das famílias atendidas pela Passos estão envolvidas com a reciclagem.
O processo de reciclagem na Vila Torres acontece em duas frentes: famílias que reciclam sozinhas, em pequenas quantidades, o que somam mais de 200 pontos, e os que trabalham diretamente para os empreendedores, e levam o material para um dos 45 depósitos próprios.
Patrícia, mãe de uma das crianças da Passos, é empreendedora formada em administração, dona de um depósito com cinco catadores de papel. Os catadores são profissionais autônomos que recebem conforme a quantidade coletada. Para ter uma quantidade suficiente, trabalham mais de oito horas por dia, e recebem entre 20 e 100 reais, dependendo do material recolhido. No final da noite levam o carrinho ao depósito que pela manhã é esvaziado para iniciar novamente o trabalho de coleta. No depósito, o material é separado (papel, plástico e alumínio) para ser entregue às empresas e usado na fabricação de novos produtos.
O maior desafio, segundo Patrícia, é que as pessoas não reconhecem o trabalho, pagam pouco pelo material, e quem saí no lucro é a empresa, que faz uma grande economia já não precisa de uma nova matéria-prima. “É um sistema injusto”. Patrícia sente orgulho do seu trabalho,e compreende que ele é importante também por deixar as ruas mais limpas e a cidade mais bonita. “Imagine se não reciclasse. Em média entrego cerca de 20 toneladas de papel por mês, fora o plástico, vindos somente do meu depósito. Então, imagina tudo isso no lixo. Somando todos os depósitos só daqui da Vila Torres, tiramos mais de um milhão de toneladas de recicláveis das ruas”.
Patrícia tem parceria com seis empresas para coletar diretamente seus recicláveis e mais alguns condomínios que separam o lixo para ela. Essa relação a faz perceber os hábitos dos moradores e ela sabe, inclusive, quando tem morador novo num prédio. Seu trabalho vai além de recolher resíduos, ela instrui a separá-los adequadamente para serem reciclados.
Esse é um dos problemas encontrados dentro da própria comunidade que vive do lixo que vem das ruas de Curitiba, mas não têm o hábito de reciclar. Por isso, alguns carrinheiros rodam dentro da própria Vila para retirar esse material, ainda mais porque a coleta seletiva da prefeitura não passa na Vila Torres.
Outro problema enfrentado são os resíduos orgânicos encontrados no meio do material reciclado, que atrai ratos ao depósito. “Só tem rato porque tem lixo. Vem resto de comida, fralda geriátrica, vidro que a gente acaba se cortando. Um reciclador pegou um saco de lixo e a hora que levantou cortou a perna toda porque tinha um copo jogado no meio do reciclado”, desabafa.
Apesar dos desafios, Patrícia reconhece que Curitiba é uma cidade que recicla bastante e parabeniza o bairro Jardim das Américas por isso, pois considera os moradores de lá conscientes, que percebem a importância dos carrinheiros.
Não há como negar que quando o assunto é reciclagem, a Vila Torres tem voz. A reciclagem é sua atividade predominante como geração de renda e é ativa na preservação dos recursos naturais, já que eles levam novamente à cadeia produtiva os materiais coletados, diminuindo a exploração e extração de novos recursos. O que falta para que seja ainda mais ativa é a presença do poder público, de urbanização, de políticas públicas que intensifiquem o que a nossa comunidade e população têm de melhor.
Quase metade dos resíduos produzidos na capital é composto por papel, papelão e plástico e aí já podemos perceber o quanto o trabalho da nossa comunidade reflete na sociedade. Isso porque não são todos que se atentam à separação de lixo, e não fossem esses trabalhadores, nossos aterros não teriam tempo de vida suficiente para tanto resíduo gerado. Ainda assim, a coleta domiciliar de Curitiba recolhe diariamente quase duas mil toneladas de lixo doméstico.
Curitiba, referência ecológica
A cidade de Curitiba é referência quando o assunto é meio ambiente. Vários países apontam nossa cidade como uma das mais ecológicas do mundo, com grandes áreas verdes preservadas e soluções em reciclagem.
Um dos exemplos dessas soluções é a Coleta Seletiva, conhecido como Lixo que não é Lixo, e que existe na cidade desde a década de 80. Essa coleta recolhe separadamente os resíduos secos, em horários diferentes do recolhimento do lixo domiciliar orgânico.
O problema nesse modelo oferecido pela prefeitura é a questão da educação ambiental e a falta de uma comunicação constante de conscientização. Muitas pessoas até podem separar o lixo molhado do seco dentro de suas casas, mas poucas se atentam aos dias e horários para cada destinação, diminuindo a eficiência do sistema.
Essa não é apenas uma questão de favorecimento ambiental, mas de interesse econômico também. Ao destinar esse material para reciclagem, a cidade pode economizar bilhões de reais gastos anualmente com a compra de matérias-primas.
Outro serviço oferecido pela prefeitura é a coleta especial para lixo tóxico, como pilhas, baterias, lâmpadas fluorescentes, tintas e solventes, cola, remédios vencidos,toner de impressão, embalagens de inseticidas, óleo usado (que devem ser embalados em garrafas PET) .
O recolhimento de descartes tóxicos é ofertado gratuitamente pela prefeitura desde 1998. De segunda a sábado, das 7h30 às 15h, o caminhão fica parado próximo a um terminal de ônibus da cidade. No total, são 24 pontos atendidos.
No site da prefeitura ou na Central 156 você consegue saber qual ponto de coleta tem próximo da sua casa. Participar dessa ação é mais importante do que imagina, pois esse tipo de lixo contém metais pesados como cádmio, chumbo e mercúrio, que contaminam o solo e a água e podem provocar doenças renais, cânceres e problemas no sistema nervoso central.
A cidade de Curitiba está na lista dos 18% das cidades que possuem aterro sanitário, enquanto a maior parte do Brasil ainda possui lixões. Os benefícios são mensurados em ganhos ambientais, sociais e econômicos – tratamento adequado, menos doenças e consequentemente, menos gastos.
Invista no projeto social
Acabei de comentar uma das formas de investir num projeto social, e assim participar ativamente das suas ações: adquirindo seus produtos. Mas existem várias formas de investir. Você pode doar uma quantia em dinheiro mensalmente, pode “apadrinhar” alguma criança ou doar por meio do imposto de renda, por exemplo.
O destino de parte do imposto de renda pode ser feito por pessoas físicas e jurídicas, que declaram modelo formulário completo e lucro real, respectivamente. Esse repasse é feito no momento da declaração, de maneira muito simples. Essa é uma forma de apoiar as crianças financeiramente sem precisar mexer no próprio bolso.
Têm sido recorrentes algumas ações solidárias que partem da mobilização individual, como ações de arrecadação de roupas e alimentos, aniversariantes que pedem de presente doações para a organização, entre outras práticas que consequentemente vão ampliar impacto, e muito, da organização na comunidade.
Gostou do artigo? Ficou com alguma dúvida? Deixe seu comentário sobre como você pode começar a ajudar nas causas em prol das crianças. No nosso próximo post você vai entender porque lutamos por elas! Até a próxima.
Recicle você mesmo!
A reciclagem é muito simples de acontecer – basta integrá-la como um hábito na sua vida. E isso pode ser feito com apenas três passos incorporados ao dia a dia:
Passo 1
Ter dentro de casa um cesto de lixo para cada resíduo: para o seco e para o úmido. Se possível, separar ainda o alumínio, o plástico e o papel. Lembre-se de embalar bem os cacos de vidro para o reciclador não se cortar.
Passo 2
Enquanto a louça é lavada, deixe o lixo seco sujo embaixo da água que escorre, para aproveitá-la e retirar os restos de produtos das embalagens (como é o caso das caixas de leite, marmitas e leite condensado).
Passo 3
Estar atento aos horários diferenciados de recolhimento de lixo
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